Doceria Desrosier

*Enquanto passava, sentia meu estômago apertar ligeiramente de fome. De fato, já fazia algum tempo que não comia nada. Deparando-me com uma doceria, sendo esta a mais próxima, resolvi arriscar-me e adentrei na loja.*

*Era um ambiente confortável e bem arrumado, o que me fez sorrir pelo canto da boca. Vendo algumas mesinhas para o lado esquerdo, resolvi me acomodar em uma delas, antes de saborear alguma das coisas do variado cardápio. Assim sendo, resolvi checar a lista de materiais para a Beauxbatons. Isso, sequer dando valor à presença de um adulto.*

*Ouvindo uma voz desconhecida e tão próxima, a qual rasgava meus pensamentos preocupados sobre o dinheiro ser suficiente para comprar tudo que me era necessário, dou um pulinho na cadeira, assustada. A primeira coisa a encarar fora um cajado e subindo o olhar deparei-me com um homem aparentemente sendo um jovem-adulto. Após um silêncio mínimo, o qual encarei-o através das lentes de meus óculos em uma análise, tentei ser educada ao responder.*

- Sim, senhor. É meu primeiro ano em Beauxbatons. - Após lançar uma leve olhadela para a lista, prossegui - Perdão, mas... não nos conhecemos, estou certa, senhor?

*Estreitando ligeiramente o olhos, eqnaunto fitava o homem Diretor de Durmstrang, ouvi seu cometário sobre o preço dos materiais dando um ligeiro e quase invisível sorriso. Baixando os olhos para lista, não demorei muito à lembrar sobre a Diretora de Beauxbatons ao ser dita "Sophi". Ao menos, era o que dizia o pergaminho que tinha em mãos. Por alguma razão, aquelas primeiras palavras fizeram-me sentir mal, percebendo, para o arrasar de meu orgulho, que ainda tinha muito à aprender sobre o mundo bruxo. Mantendo silêncio enquanto refletia sobre isto, meu consolo foi determinar uma nova meta: descobrir tudo sobre aquele mundo novo. Sendo assim, respondi com formalidade:*

- Chamo-me, Meg, senhor. Meg Sunshine. Prazer em conhecê-lo.

*Ao vê-lo providenciar uma bebida para minha pessoa, surpreeendo-me com a gentileza. Jamais, em meus treze anos de vida, vivenciara uma atitude como aquela. Quando a garçonete traz o que lhe fora pedido, deixando-o sobre a mesa, não tinha ideia do que aquilo seria. Mais uma vez, sentí-me fortemente ingênua naquele ambiente. Não tendo coragem para perguntar, antes de atender ao Sr. Karkaroff, ergui, com ambas as mãos, o copo à altura dos olhos para tentar analisar seu conteúdo. Desta mesma maneira, respondo ao questionamento que me fora feito.*

- Provavelmente hoje ou amanhã, senhor. Ao menos, é o que pretendo...

*Estranhando o nome, franzi a testa ligeiramente. O aroma da bebida era muito doce para conter álcool... Então, porque "Cerveja"? E como assim "Amantegada"? Resolvendo esperimentar, tomei um golinho. Poderia estar maluca, mas havia gostado! A partir, tomei mais três goles médios e, ao descansar o copo sobre a mesa novamente, senti estar com um bigode de espuma.*

*Corando ligeiramente, constrangida, limpei-o e logo disse:*

- Agradeço por isto, senhor.

*Tomei um susto tremendo ao ver o que acontecera diante de meus olhos. Dando novamente um pulo na cadeira, arregalei os olhos, levando uma das mãos ao coração ao ver Sr. Karkaroff desaparecer bem à minha frente. Do nada. Completamente do nada.*

*Estupefata, sentí-me novamente ingênua, porém impressionada desta vez. Ainda encarando o lugar em que estivera o que se dizia Diretor do tal Instituto de Durmstrang, tomei mais alguns goles de Cerveja Amantegada.*

*Perguntando-me sobre o que acontecera com ele e porque deveria aguardá-lo, levei meus olhos aos céus, encarando as estrelas por trás das vidraças. Com elas, consequentemente, veio-me uma preocupação. Soltando um murmúrio de desgosto, lembrei-me: não tinha onde passar a noite! Não conhecia aquele mundo, por isto não poderia dormir em qualquer lugar.*

*Encarando o balcão por cima do ombro, vi que a dona ou dono do local não estava no momento, o que acabou por me desanimar. Tornando a encarar o infinito, passei a desejar demais que o Sr. Karkaroff voltasse em breve.*

*Levando um susto novamente por conta do estalo alto que acabara de ouvir, quase engasguei com a bebida que estava acabando de consumir. Abandonando o copo sobre a mesa com uma das mãos no coração novamente, boquiabro-me ao ver o Diretor de Durmstrang com um pacote debaixo do braço, logo deixando-o sobre a mesa, dizendo ser meu material.*

*Completamente sem voz, choco-me ainda mais com o bichinho de estimação que aquele homem havia me arranjado. O felino de pêlo listrado, não demorou para subir no colo do Sr. Karkaroff, sendo seguido por meu olhar absurdamente surpreso.*

*Tive certo trabalho para poder recuperar minha voz enquanto encarava ao senhor e à todo o restante do material.*

- Ma... Mas quanto... quanto custou... Mas quanto custou tudo isso, senhor?!

*Quando o bichano é colocado sobrer meu colo, estranho seu peso morno sobre meu colo. Nunca carregara um animal antes e, pela forma que o gato encarava meu rosto com seus olhos negros e brilhantes, parecia nunca ter visto uma garota. Tampouco, ter ficado sobre ela.*

- Eu... bem, sim. Gosto de gatos - falei, arriscando-me a acariciar as orelhas no pequeno ser. - Ainda assim, senhor, não consigo entender... Por que comprou isso tudo?

*Calada, manti meu olhar sobre o gato. Não sabia o que dizer, nem se deveria dizer algo. Não sabia, também, se deveria acreditar naquelas palavras, dele ter simpatizado comigo. Demorava um pouco para confiar nas pessoas e com o Sr. Karkaroff não seria diferente. Não estava em minhas metes ser enganada por um estranho*

- Tem certeza que não quer que o pague, senhor? Não parece justo - questiono, erguendo o olhar, encarando-o por cima dos óculos consequentemente.*

*Arregalando os olhos de brusco, ainda não deixando de coçar atrás da orelha do gato, que agora ronronava gostosamente, digo muito rapidamente, corando um pouco.*

- Ah, não. Desculpe-me, senhor, não pretendia... Só fiquei supresa. Nunca fizeram algo parecido com minha pessoa, então...

*Não demorei muito à retrucar. Seria uma boa ajuda, ainda que não confiasse completamente nele. Não tinha ideia de onde arrumar uma varinha. Arrumando-me ligeiramente na cadeira, deixando, enfim, ambas as mãos quietas, digo-lhes tentando, novamente, demonstrar polidez, o brilho da lua minguante do lado de fora, refletindo brevemente em minhas lentes*

- Sim, senhor, por favor.

*Apanhando o animal, deixando-o sobre o pacote que resolvi carregar, segurei no braço que me fora oferecido do Diretor e desapareci junto com ele.*